sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Aspectos Econômicos, Políticos e Sociais da Província do Espírito Santo na Segunda Metade do Século XIX


Na metade do século XIX, as fontes de informações sobre a vida capixaba eram escassas. As publicações de livros eram raras, a imprensa pouco publicava e somavam-se a isso os amiúdos relatórios apresentados pelos presidentes à Assembléia Provincial.

A monotonia imperava entre as falas dos governantes. Sem o devido zelo jurídico, absorviam os criminosos com lamentável facilidade. Não perdiam tempo em tecer elogios ao trabalho nas colônias e de criticar a falta de iniciativa em melhorar as necessidades do culto religioso e das deficiências do ensino e das estradas.

É oportuno observarmos, que em sua maioria, os presidentes que estiveram à frente da província eram despreparados e poucos zelosos, ambicionando apenas um cargo de debutado geral.

Nos jornais, os artigos eram basicamente sobre a administração e política de aldeia onde se lia as clássicas disputas de idéias entre governo e oposição.

A população era por demais melancólica e não aspiravam qualquer progresso tanto na Capital ou no mais distante distrito da província. Se não bastasse, não se encontrava por aqui, nenhum empreendimento marcante tanto material quanto social. Ainda perseverava no campo métodos antiquados de cultura.

O café passou a ser o motor econômico capixaba, todavia não se comparou ao patamar obtido, com essa cultura, no estado do Rio de Janeiro. Por se tratar de uma província que a muito vivia no esquecimento, as realizações ocorridas no governo de D. Pedro II demoraram grandemente para ecoarem no espírito Santo.

As doenças multiplicavam-se. A febre Amarela se propagou por todo o território. Mesmo precariamente, o governo interveio e forneceu medicamentos gratuitos e assistência médica. A varíola, cólera e a fome vitimaram centenas de pessoas. A cólera, desde sua aparição em 1854, segundo um ofício de 1855 vitimou mais de 1000 pessoas. Somando-se a essas, numerosas outras doenças castigavam o povo capixaba: Febres intermitentes, coqueluche, asma e epidemia de disenteria sanguínea. Em meio a esse caos, a saúde pública praticamente inesistia.

 simultaneamente durante o período em que as doenças ceifavam muitas vidas dos colonos capixabas, ocorreu a luta contra o tráfico marítimo de negros escravos no Espírito Santo.

A Inglaterra intensificou sua postura de não escravidão ao pressionar o Brasil contra o comércio de escravos, inclusive em terras brasileiras, numa clara afronta à soberania nacional.

Devido o crescimento do cultivo de café, a mão de obra advinda da África era o que mantinha o plantio cada vez mais rentável. Perder os braços que supriam as lavouras traria fortes consequências econômicas, uma vez que os surtos de doenças havia ceifados muitos escravos havia a necessidade de se repor as “peças” perdidas.

O governo intensificou o combate contra o tráfico tanto em terra quanto em mar. Eusébio de Queirós, então à frente da pasta da Justiça, coube a tarefa de conduzir essa grande empresa: Em terra contra os grandes proprietários rurais, sustentáculos do regime, e em mar, contra os negreiros solertes. Havia pela província poderosos opositores à iniciativa de por fim o tráfico negreiro o que exigia policiamento ativo e, às vezes, em parceria com a Marinha de Guerra que ficava em constante vigilância no mar. Todavia, apesar dos esforços em combate ao tráfico, alguns barcos conseguiram burlar a vigilância e desembarcando negros escravos em território capixaba.

No que diz respeito aos aspectos populacionais, Tristão de Alencar Araripe, enquanto exercia funções de chefe da policia da província, praticava um recenseamento em 1856. Ao que se entende, as distribuições em números de 36.823 homens livres e 12.269 escravos, ocorreram (dos livres) segundo suas profissões, onde os médicos se encontravam em números precários, enquanto os pescadores em número elevadíssimo, o que prova a prosperidade da indústria da pesca. Em 1857, mesmo com a proibição européia de emigração para o Brasil, cerca de 160 alemães chegaram ao Espírito Santo, todavia, pouco tempo depois o presidente da província já denunciava a resistência dos colonos em que seus filhos aprendessem a língua portuguesa, mesmo mantendo o ensino do alemão na escola local.

Ainda nesse paradigma, a falta de mão de obra na província era altamente denunciada, onde o fluxo imigratório para a província era tremendamente requisitado. O comércio com Rio de Janeiro se fazia quase que exclusivamente, onde então a província importava artigos dos quais necessitava. Pelo fato dos produtos das lavouras da província se escoarem também para além mar, o progresso da agricultura se fazia dependente da navegação.

Não demorou muito para a questão da educação fosse requisitada na província, e na tentativa de atender essa necessidade, em 1854 foi instalada o Liceu da Vitoria, a primeira biblioteca pública no anseio de habilitar a mocidade nos estudos exigidos nas academias do império. Tal anseio em que o povo buscava, o aprimoramento intelectual surgia como que um incentivo aos governantes a procurarem soluções para problemas crônicos de todo o Brasil. A idéia era que a instrução pudesse permear todas as classes da coletividade nacional, no entanto, a carência de mestres se fazia visível na província, profissionais esses demasiadamente importantes.

Para  explicar esse quadro constrangedor, levamos em consideração ainda outros demasiados problemas como Costa Pereira enumerava: grandes distancias territoriais existentes entre os alunos e as escolas, onde a falta de transporte era um fator predominante; o demasiado preconceito das classes menos cultas em agregar valores relevantes e úteis para haver subsistência  e abastança através do estudo; a pobreza de grande parte da população que desvinculava os filhos da escola para poderem auxiliar no serviço, aumentando assim a renda da família. Não obstante, o investimento na educação ia insistentemente sendo ampliado com instalação de novas escolas, oferecimento de maior número de matriculas, implantação do ensino secundário, aulas noturnas entre outras medidas.

Outro problema digno de salientar nessa abordagem era a questão da segurança. Nesse paradigma uma Guarda Nacional foi solicitada, principalmente depois da insurreição de queimados, onde o presidente Siqueira reforçava a esperança na importância do alistamento dos capixabas assim como o preparo e o manejo militar.

Em 1860, no ato de cumprir sua promessa, o imperador então vista o Espírito Santo. Desembarcando em vitória, logo a após a cerimônia do beija-mão, percorreu por alguns estabelecimentos públicos da capital e durante os próximos dias, num total de duas semanas e de cavalo ou a canoa, percorreu por todas as colônias, reparando templos, observando onde havia necessidade de investimentos e assim contribuindo financeiramente com o seu famoso “bolsinho”.

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