A Província
do Espírito Santo enfrentava uma situação alarmante. Para começar, os políticos
a utilizavam como ‘’escada’’, objetivando a aquisição de cargos a nível
federal, mal se importando com a real situação em que se encontrava a
província. Esse descaso na administração provincial refletia na prática das
políticas públicas, o povo sofria com as péssimas condições em que se
encontravam dentre outros, a saúde, a educação e o transporte.
A
população em geral não aspirava pelo progresso, deixava-se arrastar pela
rotina. Faltava iniciativa, logo não foram realizados grandes empreendimentos.
No âmbito econômico, o comércio era, quase em sua totalidade, realizado com o
Rio de Janeiro, o progresso agrícola estava atrelado ao da navegação; o
desenvolvimento da pesca dependia da viabilização de embarcações. O café
mantinha-se na liderança da economia da província, entretanto o Espírito Santo
não obteve o mesmo sucesso na produção cafeeira como teve o Rio de Janeiro. Na
área da saúde os investimentos eram ínfimos, moléstias como varíola, cólera,
febre amarela e a fome assolavam a população que além das doenças tinha que
enfrentar as péssimas condições de infra-estrutura e a falta de interesse do
governo com a saúde de seu povo, eram poucos médicos para muitas moléstias.
A
capitania ainda enfrentava a escassez de mão-de-obra, gerada, principalmente
pela Lei Eusébio de Queirós que punha fim ao tráfico negreiro e, desse modo,
impedia “teoricamente” que mais negros fossem importados para o Brasil para
servir de mão-de-obra. A proibição do tráfico e a consequente escassez de
mão-de-obra fizeram com que o governo brasileiro começasse a procurar novos
meios de conseguir mão trabalhadora, para isso se investiu na imigração de
povos estrangeiros que buscavam melhores condições de vida nas lavouras
cafeeiras, em 1857 chegaram ao Espírito Sano cento e sessenta alemães que foram
encaminhados a colônia de Santa Leopoldina.
A
pobreza também se estendia ao ramo da educação a carência de mão-de-obra
qualificada, ou seja, de mestres e os baixíssimos salários que eram pagos não
atraiam ninguém para lecionar na Província do Espírito Santo o que afundava
ainda mais o povo a sua ignorância. A falta de comunicação, muito escassa na
época, a grande extensão territorial, a distancia, a pobreza dos alunos que
além de não possuírem transporte adequado para chegarem até as quase escassas
escolas, o preconceito, dentre outros empecilhos tornavam a educação artigo de
luxo e praticamente inalcançável para a maioria da população. A primeira
biblioteca pública foi aberta em 16 de julho de 1855 que devido ao pequeno
número de livros e da inutilidade desses não tinha efeito formador nenhum
perante a população.
Na
área de transporte foi inaugurada em dezenove de fevereiro de 1874, a estação de
Vitória, e ligada a Capital com Itapemirim, Campos e Rio de Janeiro. Em 1861 os
correios, possuíam dez agências distribuídas por diferentes localidades. Sete
estafetas e um correio a cavalo – este no serviço entre capital e o rio do doce
– cuidavam do transporte da correspondência. As malas postais provindas de
outras províncias e do estrangeiro ou destinadas ao exterior eram conduzidas em
vapores.
A
iluminação a óleo de peixe, nas ruas de Vitoria, em 1865 foi substituída por
lampiões a querosene, estes em primeiro de março de 1879 deram lugar a bicos de
gás, festivamente recebidos. Outro melhoramento foi o farol de sua barra,
inaugurado a sete de setembro de 1870.
Estradas
que partiam do norte, do centro e do sul ligavam a Província a Minas Gerais.
Todas as localidades tinham acesso à capital por caminhos que, em sua maioria
não eram confortáveis. A navegação fluvial e de canais era modestamente explorada.
Frustraram-se as tentativas, para o desenvolvimento da navegação do Rio Doce. Em
1878 foi assinado contrato com a Empresa de Navegação Rio doce. Entre 1870 e
1880, os principais rios da Província foram explorados por companhias de
navegação a vapor. Em 1876 a Companhia Cearense de Navegação Fluvial do
Espírito Santo inaugurava seus serviços na Santa Maria; em 1878 funcionavam a
Navegação de Itapemirim e a Empresa de Itabapoana, além de companhia Espírito
Santo e Campos. Em 1888, a situação era animadora, quando várias empresas
mantinham barcos trafegando nas costas e rios capixabas, além do beneficio da
navegação para o estrangeiro e demais províncias marítimas brasileiras.
Enfim,
nota-se que desmedidas foram as dificuldades enfrentadas pela Província do
Espírito Santo e, principalmente, pelo seu povo, que era o que mais sofria com
todos os problemas, entretanto cabe ressaltar que, apesar de ser a passos
lentos, a província progrediu e com o passar do tempo soube usufruir de suas
riquezas e aproveitá-las para que hoje o Estado do Espírito Santo chegasse o
patamar em que se encontra.
Vista de Vitória |